O investimento em empresas com propósito social deixou de ser apenas uma tendência para se tornar um elemento central da estratégia corporativa. Em 2024, o Brasil registrou um novo patamar de aporte, com mais de R$ 6,2 bilhões direcionados a projetos de impacto social, representando um crescimento de 19,4% em relação a 2023. Esse movimento demonstra que é possível conciliar objetivos financeiros e responsabilidade socioambiental, gerando valor para acionistas e comunidades.
Segundo a Pesquisa Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) 2025, realizada pela Comunitas, foram mapeadas 337 unidades de negócios e 22 institutos e fundações corporativas. Dessas, o total investido em 2024 superou o registrado em quase toda a série histórica, ficando atrás apenas do pico excepcional de 2020, marcado por esforços para mitigar os efeitos da pandemia.
O aporte consolidou-se sobretudo em recursos próprios das organizações, que alcançaram R$ 4,79 bilhões, um crescimento de 35% em comparação a 2023. Já os recursos incentivados somaram R$ 1,42 bilhão, reforçando a relevância de leis de incentivo e parcerias público-privadas.
As empresas brasileiras têm concentrado seus esforços em áreas estratégicas para maximizar o impacto:
Além disso, destaca-se a crescente atenção a ações de promoção da biodiversidade e redução de carbono, impulsionadas por metas de sustentabilidade alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
As empresas de impacto social unificam lucro e propósito, atuando em setores como educação, saúde, habitação e energia renovável. Segundo o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental da Pipe.Social, já são mais de 1.400 iniciativas desse tipo no país.
O mercado global de investimentos de impacto soma mais de US$ 1,1 trilhão em ativos sob gestão, um indicativo de que empreendedores e investidores encontram nesse modelo uma forma eficiente de escalonar soluções a problemas sociais e ambientais.
Exemplos práticos incluem fintechs que promovem inclusão financeira em regiões periféricas e negócios de economia circular que transformam resíduos em novos produtos, gerando emprego e renda.
Para ampliar a eficácia e o alcance dos projetos, é cada vez mais comum o co-investimento entre empresas, cadeias de valor e organizações da sociedade civil. Essa estratégia reduz riscos e potencializa resultados, criando sinergias entre atores diversos.
A atuação conjunta não se limita ao setor privado. Instituições governamentais e filantrópicas também participam, promovendo um ambiente de colaboração que fortalece a execução de projetos e amplia o legado social.
O lançamento do Fundo de Investimentos em Infraestrutura Social (FIIS) pelo Governo Federal, com um montante de R$ 20 bilhões, representa um marco. Dividido em duas parcelas de R$ 10 bilhões para 2025 e 2026, o FIIS oferece condições de juros abaixo do mercado e prazos de até 20 anos.
Estados, municípios e organizações filantrópicas podem acessar esses recursos para modernizar escolas, hospitais e centros comunitários, reforçando a capacidade de atendimento e a qualidade dos serviços.
Em síntese, investir em empresas com propósito social vai além de cumprir obrigações de responsabilidade corporativa: trata-se de construir um legado positivo para as próximas gerações. Ao integrar retornos financeiros e benefícios socioambientais, organizações inovadoras moldam um futuro mais justo e sustentável para todos.
Referências