A biomassa ocupa uma posição estratégica na matriz elétrica do Brasil, unindo sustentabilidade e desenvolvimento econômico. Este artigo mostra como essa fonte renovável gera renda em diferentes regiões e setores.
Biomassa é a matéria orgânica de origem vegetal ou animal utilizada como insumo energético. No Brasil, destaca-se sobretudo o bagaço de cana-de-açúcar, resíduos florestais e licor negro da indústria de celulose. A capacidade de converter resíduos agrícolas em eletricidade torna a biomassa uma das mais promissoras fontes renováveis.
Além de diversificar a matriz, ela fornece energia estável nos períodos de seca, complementando usinas hidrelétricas e reduzindo riscos de racionamento. Esse equilíbrio fortalece o setor e beneficia produtores rurais e cidades no entorno das usinas.
Atualmente, a biomassa ocupa a 4ª posição na matriz elétrica brasileira, com cerca de 17.658 MW instalados em 2025, equivalendo a 8,5% da matriz nacional. As fontes de maior destaque são:
De fato, isoladamente, a biomassa da cana seria a 5ª maior fonte do sistema elétrico, à frente de usinas como Belo Monte (11.233 MW).
Entre 2024 e 2025, projeta-se um acréscimo de 758 a 793 MW, representando cerca de 8,1% do incremento previsto na matriz elétrica. Esse ritmo supera a média anual das últimas duas décadas (672 MW/ano) e se aproxima do recorde histórico de 2010, quando 1.750 MW foram incorporados.
Em 2024, a biomassa respondeu por 586 MW de nova capacidade, 5,4% da expansão nacional. A produção de bioeletricidade atingiu 21.218 GWh, quase 4% do consumo total de eletricidade e podendo ultrapassar 6% na entressafra da cana (maio a outubro).
Mais de 84% dessa energia ocorre entre maio e novembro, assegurando segurança energética em períodos críticos e reduzindo a necessidade de acionamento de termelétricas fósseis.
O estado de São Paulo lidera com folga, apresentando 7.028 MW instalados (39,8% do total nacional) e 238 termelétricas renováveis. Só a biomassa da cana soma 6.383 MW em 211 usinas, ou seja, 50,3% da capacidade dessa fonte no país.
Esses cinco estados concentram 79,2% da capacidade instalada, refletindo a importância das regiões agrícolas no fornecimento de matéria-prima e mão de obra.
A biomassa oferece oportunidades de renda local em áreas rurais e industriais. A cadeia produtiva envolve desde o cultivo da matéria-prima até a operação das usinas, gerando empregos diretos e indiretos em diversos setores.
Além disso, a descentralização da geração reduz perdas de transmissão e aumenta o valor agregado das regiões produtoras. Pequenos produtores podem investir em autogeração, vendendo excedentes ao sistema e diversificando suas fontes de receita.
A biomassa é uma fonte renovável com ciclo de carbono fechado, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. A utilização de resíduos evita que sobras agrícolas e industriais sejam queimadas de forma descontrolada, reduzindo a poluição do ar.
O uso inteligente de bagaço, palha, licor negro e cascas de fruto gera valor para subprodutos que antes eram descartados. Essa redução de resíduos industriais traz ganhos ambientais e amplia a eficiência do sistema.
Para manter o ritmo de crescimento, é fundamental reconhecer as externalidades positivas da biomassa: renovabilidade, energia não-intermitente e complementaridade com hidrelétricas. A competitividade frente a fontes como solar e eólica exige diferenciais de flexibilidade operacional.
O ambiente de negócios pode ser estimulado por políticas públicas que desonerem equipamentos, apoiem pesquisa e inovação e promovam integração logística. Leilões de energia e incentivos à autogeração agrícola são caminhos para ampliar investimentos.
Segundo o BEN 2025, fontes renováveis somam 50% da matriz energética brasileira, a maior participação desde 1990. No setor industrial, 64,4% da energia consumida em 2024 veio de fontes limpas, incluindo biomassa.
O crescimento das renováveis impulsiona a transição energética, fortalece a segurança do abastecimento e abre mercados de crédito de carbono. As indústrias encontram na biomassa uma alternativa firme para equilibrar custos e reduzir emissões.
A biomassa é um elo fundamental entre economia e sustentabilidade. Sua capacidade de gerar energia firme, promover renda local e reduzir impactos ambientais a torna protagonista na matriz brasileira.
Com investimentos adequados e políticas de apoio, é possível ampliar ainda mais sua contribuição, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico e proteção ambiental. A biomassa representa não apenas kilowatts, mas também oportunidades reais de transformação social e prosperidade.
Referências