Em um mundo em constante transformação, medir resultados vai além dos números no balanço. Acompanhar o desempenho de projetos sociais e ambientais requer novas métricas e perspectivas, garantindo que cada real aplicado gere efeitos verdadeiramente duradouros.
O conceito de ROI tradicional se consolidou como referência para investidores e gestores. A fórmula clássica — (Receita Gerada – Investimento) / Investimento × 100 — esclarece o ganho financeiro obtido em determinada iniciativa.
Empresas usam esse cálculo para comparar campanhas, realocar orçamentos e buscar eficiência. Porém, focar apenas no retorno econômico ignora impactos sociais emergentes, que passam a ganhar destaque no cenário global.
Embora o ROI financeiro seja prático, ele apresenta lacunas importantes. Medir exclusivamente lucros pode reforçar desigualdades, desconsiderar comunidades vulneráveis e negligenciar efeitos de longo prazo.
Por exemplo, um investimento em treinamento pode não gerar receita imediata, mas promove inclusão e autoestima. Tais benefícios intangíveis não aparecem nas planilhas, mas transformam vidas e ambientes.
Para preencher essa lacuna surge o SROI — Social Return on Investment. Essa abordagem quantifica o impacto social, ambiental e econômico de projetos, traduzindo resultados qualitativos em valores monetários estimados.
ONGs, empresas sustentáveis e órgãos públicos utilizam o SROI para avaliar programas de educação, saúde, cultura e preservação ambiental. A pergunta central é: “Quanto valor social foi criado para cada real investido?”
O processo de cálculo do SROI exige maior complexidade que o ROI tradicional. As principais etapas envolvem pesquisa, conversas com beneficiários e adaptação de valores de mercado.
Esse caminho demanda colaboração entre áreas como finanças, estatística e equipe social, garantindo robustez e imparcialidade nos números.
Dados de institutos internacionais apontam que cada R$ 1 investido em programas de inclusão educacional costuma gerar R$ 3,50 de valor social para as comunidades atendidas. Projetos de capacitação profissional em favelas brasileiras já registraram retornos semelhantes.
Em outra iniciativa de reflorestamento urbano, o SROI mediu aumento na saúde mental de moradores, redução de calor e economia de energia. A conversão desses benefícios em valores aproximados permite comparações entre estratégias.
Incorporar o SROI gera ganhos que vão além da planilha:
Apesar das vantagens, o SROI enfrenta obstáculos. A atribuição de valor a fenômenos subjetivos como autoestima e coesão social requer metodologias sólidas, para evitar distorções e viés.
Além disso, coletar dados qualitativos demanda tempo e entrevistas, elevando custos e a necessidade de softwares específicos de monitoramento.
A tecnologia auxilia tanto no ROI quanto no SROI. Ferramentas tradicionais (Google Analytics, CRMs, ERPs) fornecem métricas financeiras, mas o SROI exige complementos.
Empresas com agendas ESG apostam no SROI para diferenciação no mercado sustentável. Mostrar resultados além do financeiro fortalece reputação e atrai consumidores engajados.
Governos locais também adotam essa métrica para justificar investimentos em educação, cultura e meio ambiente, ampliando o alcance de políticas públicas.
O SROI representa uma evolução significativa em gestão de projetos, pois alia números e humanidade. Ao mensurar valor social criado, organizações se tornam protagonistas de transformações reais e sustentáveis.
Incorporar essa métrica demanda esforço, mas os ganhos em transparência, engajamento e eficiência recompensam cada etapa do processo. A jornada do retorno financeiro para o social prova que um mundo mais justo e próspero cabe em qualquer orçamento.
Referências