O hidrogênio verde surge como peça-chave na revolução energética global. Movido por investimentos massivos e políticas inovadoras, ele promete descarbonizar indústrias e redefinir a matriz energética.
Descubra como este combustível limpo está atraindo bilhões e abrindo novas oportunidades no Brasil e no mundo.
O hidrogênio verde é produzido pela eletrólise da água usando energia proveniente de fontes renováveis, como solar, eólica ou biomassa. Esse processo não libera CO₂, tornando-o essencial para descarbonizar setores industriais que não podem ser eletrificados diretamente.
Em especial, siderurgia, cimento, fertilizantes e transporte pesado se beneficiam de sua aplicação. Ao substituir combustíveis fósseis, o hidrogênio verde reduz emissões e abre caminho para metas climáticas mais ambiciosas.
Segundo o Hydrogen Council, a demanda global por hidrogênio crescerá cinco vezes até 2050. Hoje, já existem mais de 1.500 iniciativas de hidrogênio limpo em andamento, sete vezes mais que há três anos.
Países como Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, China, Chile, Espanha e Holanda lideram a corrida, atraindo investimentos e desenvolvendo tecnologias avançadas. A América Latina, com US$ 107 bilhões anunciados, figura como o segundo maior destino de capitais nesta fronteira.
O Brasil mapeou R$ 454 bilhões em 111 projetos de hidrogênio verde, amônia, e-metanol e aço verde, distribuídos em 15 estados. Ceará e Pernambuco despontam como polos de atração.
Para operacionalizar esses projetos, serão necessários cerca de 90 GW de novas usinas de energia renovável, ampliando significativamente a capacidade instalada nacional.
No Brasil, o preço do hidrogênio verde varia de US$ 2,83/kg a US$ 6,16/kg, conforme localização e oferta energética. Já a amônia verde custa entre US$ 539 e US$ 1.103 por tonelada, mostrando-se competitiva frente à produção tradicional.
Com a curva de aprendizado das energias solar e eólica, espera-se que os custos caiam progressivamente, estimulando a adoção em larga escala e atraindo ainda mais investimentos.
Em 2024, o Brasil aprovou o Marco Regulatório (Lei 14.948/2024), que estabelece incentivos fiscais, regulamenta transporte e certificação do hidrogênio. O governo também lançou R$ 60 milhões para criar um Centro de Competência em Hidrogênio de Baixa Emissão.
Para viabilizar a cadeia produtiva do hidrogênio verde, o país precisa superar gargalos de transmissão elétrica, transporte e armazenamento. A «adicionalidade» deve garantir que a energia renovável aumente de fato, e não apenas realoque capacidade preexistente.
A formação de mão de obra especializada e a definição de normas técnicas também são cruciais para garantir segurança e eficiência operacional.
Além da siderurgia e do cimento, o hidrogênio verde pode deslanchar na produção de fertilizantes, e-metanol e geração de energia elétrica de backup. Setores logísticos pesados, como transporte marítimo e rodoviário de longa distância, encontram no H₂V uma solução de baixas emissões.
O desenvolvimento desse ecossistema deve gerar milhares de empregos, fomentar startups e catalisar parcerias entre universidades e empresas, fortalecendo o impacto econômico significativo em regiões estratégicas.
Com a curva de investimentos apontando para R$ 63 bilhões já em 2026, o Brasil está em posição privilegiada para se tornar um grande produtor e exportador para mercados globais. O ano de 2026 será decisivo, definindo o ritmo de consolidação dos projetos e a maturidade do setor.
O hidrogênio verde representa muito mais que um novo combustível: é a chave para uma economia de baixo carbono, capaz de alinhar desenvolvimento econômico à preservação ambiental. Investir nessa fronteira é apostar em inovação, soberania energética e um legado mais sustentável para as próximas gerações.
Referências