O agronegócio brasileiro vai muito além da produção de alimentos: ele molda economias, transforma territórios e redefine relações sociais. Neste artigo, exploramos como esse setor exerce impactos profundos na vida de milhões de brasileiros e no futuro do país.
Em 2024, o agronegócio foi responsável por 2,72 trilhões de reais em 2024, o que representa 23,2% do PIB nacional. Esse desempenho coloca o Brasil como potência global, com exportações que superaram US$ 153 bilhões naquele ano, quase metade de todas as vendas externas do país.
Além disso, o setor emprega 28,2 milhões de pessoas, distribuídas entre produção primária, serviços agrícolas e agroindústria, evidenciando seu papel como motor de desenvolvimento regional e como fonte de oportunidades em todo o território brasileiro.
Regiões historicamente carentes, como o MATOPIBA, testemunham uma nova dinâmica de investimentos e infraestrutura. Estradas, silos e indústrias estão alterando indicadores de pobreza e gerando renda local.
A urbanização no interior se intensifica, atraindo migração de jovens que veem no campo uma profissão promissora. A participação ativa de jovens em cursos técnicos e no uso de tecnologia embarcada em máquinas agrícolas reforça essa tendência.
A despeito dos benefícios, o setor convive com críticas severas à concentração de terras e renda. Grandes conglomerados detêm vastas extensões, enquanto agricultores familiares lutam por acesso a crédito e mercados.
Em 2025, o Plano Safra destinou R$ 516,2 bilhões a produtores empresariais, comparado a R$ 89 bilhões para a agricultura familiar. Essa disparidade reflete a necessidade de políticas mais equilibradas, capazes de fortalecer o pequeno produtor e valorizar saberes tradicionais.
O avanço agroindustrial no Cerrado já suprimia 47,9% da vegetação nativa em 2024, e a expansão no Matopiba ameaça mananciais hídricos e comunidades ribeirinhas. Em resposta, parte do setor adota bioinsumos e práticas sustentáveis para reduzir impactos ambientais.
Movimentos sociais denunciam “ecocídio” nas bordas do agronegócio; por outro lado, empresas promovem projetos de recuperação de áreas degradadas, reflorestamento e manejo integrado de pragas, buscando equilibrar produtividade e conservação.
A vida rural brasileira se renova: hábitos alimentares são revisados, festivais agroecológicos ganham espaço e há maior envolvimento feminino e jovem nas decisões comunitárias. A pesquisa e a extensão rural, conduzidas por instituições como a Embrapa, fortalecem a inovação adaptada aos trópicos.
Fóruns nacionais e internacionais, como a COP30, recebem vozes de produtores e ativistas, promovendo diálogos sobre segurança alimentar, energias renováveis e direitos socioambientais. Essa interação amplia o papel social do agronegócio como agente de transformação.
O Brasil enfrenta um desafio urgente: conciliar crescimento econômico com justiça social e preservação ambiental. Concertar políticas de crédito, regularização fundiária e incentivos à sustentabilidade é fundamental para garantir que o agronegócio seja, de fato, um instrumento de desenvolvimento inclusivo.
Por meio do fortalecimento da agricultura familiar, da valorização de tecnologias limpas e do apoio a projetos comunitários, é possível semear não apenas alimentos, mas também equidade, dignidade e esperança para as próximas gerações. Cultivar mais que alimentos é, acima de tudo, investir no futuro coletivo.
Referências