O armazenamento de energia está emergindo como um dos pilares da transição energética, oferecendo soluções para a intermitência das renováveis e garantindo estabilidade ao sistema elétrico. No Brasil e no mundo, esse setor desponta como potencial transformador da matriz energética, atraindo investidores, governos e usuários finais.
Com investimentos que já somam bilhões de reais e projeções otimistas para a próxima década, baterias e sistemas avançados de armazenamento representam uma oportunidade única para quem busca aliar sustentabilidade, segurança e retorno financeiro.
Em 2025, o mercado brasileiro de armazenamento com baterias deve movimentar cerca de R$ 2,2 bilhões, mais que o triplo dos R$ 700 milhões de 2024. O volume de comercialização pode variar entre 1,3 GWh e 2,5 GWh, resultado de um crescimento acelerado impulsionado por incentivos e demanda por fontes limpas.
A capacidade instalada de sistemas de armazenamento deve alcançar 1 GWh em 2025, dos quais 685 MWh já estão em operação. Destes, aproximadamente 70% estão em sistemas isolados, fora da rede central, atendendo comunidades remotas ou empreendimentos em regiões de difícil acesso.
Segundo projeções da consultoria Wood Mackenzie, o setor crescerá a uma taxa anual de 12,8% até 2040, podendo atingir até 7,2 GW de capacidade instalada e movimentar mais de US$ 12,5 bilhões ao ano. Com incentivos fiscais e regulatórios adequados, esse potencial pode superar 18,2 GW.
Um dos principais motores desse crescimento é a queda nos preços das baterias. Em 2024, os custos dos equipamentos caíram em torno de 40%, e a previsão indica nova redução superior a 15% até o fim de 2025. Esse declínio resulta de avanços na pesquisa de materiais, escala de produção e eficiência industrial.
Além disso, há melhorias constantes na densidade energética, vida útil e segurança dos sistemas. Novas químicas de bateria e soluções de gerenciamento inteligente contribuem para vida útil estendida e maior confiabilidade, reduzindo o custo total de propriedade e acelerando o retorno sobre o investimento.
Diversos modelos de comercialização estão consolidando o armazenamento como opção viável para empresas e consumidores residenciais. Entre eles:
Cada modelo apresenta vantagens específicas, mas todos oferecem payback de 3 a 13 anos e possibilidade de retorno financeiro superior a 40% ao ano, dependendo da região e da aplicação.
O armazenamento de energia desempenha funções cruciais em diversos cenários:
Em ambientes isolados, impulsionados por leilões do SISOL, o armazenamento permite levar eletricidade confiável a comunidades distantes, fortalecendo o desenvolvimento regional e a inclusão social.
O Brasil se destaca pelo uso crescente de BESS (Battery Energy Storage Systems), alinhado a um movimento global de descarbonização. O setor comercial e industrial lidera a demanda, buscando previsibilidade nos custos e maior autonomia, mas a aplicação residencial avança de forma acelerada, acompanhando a expansão dos sistemas fotovoltaicos.
Leilões específicos e incentivos emergentes podem elevar a participação dos sistemas integrados à rede, e novas parcerias entre setores público e privado prometem reduzir custos e ampliar o acesso ao serviço.
Apesar do impulso, há barreiras a serem superadas:
Abordar esses entraves exige articulação entre governo, agências reguladoras e indústria, para criar um ambiente de negócios mais previsível e competitivo.
O avanço do armazenamento altera profundamente a dinâmica da matriz de geração e distribuição. Com mais baterias em operação, há redução de picos de demanda, adiamento de investimentos em novas linhas de transmissão e maior flexibilidade para operar parques renováveis.
Essa transformação pode gerar economia bilionária para o setor elétrico e para os consumidores, além de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para o cumprimento de metas climáticas.
A expectativa é que, até 2030, investimentos diretos do consumidor alcancem R$ 22,5 bilhões. Com maior previsibilidade regulatória e contínua redução de custos, o mercado poderá expandir com ainda mais vigor.
Inovações em armazenamento, como baterias de fluxo e aplicações de hidrogênio, surgem no horizonte, elevando o potencial de integração e criando novos modelos de negócios.
O armazenamento de energia representa o elo essencial entre a geração renovável e o uso eficiente de eletricidade. No Brasil, trata-se de uma janela de oportunidade para consolidar um setor verde, promover inclusão regional e gerar retorno financeiro.
Superar desafios tributários e regulatórios, ao lado da adoção de tecnologias inovadoras, será fundamental para que o país se torne referência global e aproveite plenamente a revolução energética que já está em curso.
Referências