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Não é Apenas Moda: A Solidez dos Ativos Sustentáveis

Não é Apenas Moda: A Solidez dos Ativos Sustentáveis

24/12/2025 - 01:25
Lincoln Marques
Não é Apenas Moda: A Solidez dos Ativos Sustentáveis

Nos últimos anos, o universo financeiro testemunhou uma transformação profunda. O conceito de sustentabilidade saiu do âmbito de marketing para se consolidar como componentes centrais em decisões de investimento. Em 2025, dados do mercado global e brasileiro confirmam que essa não é uma tendência passageira, mas sim uma evolução estrutural.

Investidores, empresas e governos buscam cada vez mais formas de financiar projetos que gerem valor econômico e impacto ambiental e social positivo. O Brasil, com sua vasta biodiversidade e potencial em bioeconomia, figura entre os protagonistas dessa nova fase.

O panorama atual do mercado sustentável

Até junho de 2025, o Brasil acumulou US$ 67,8 bilhões em emissões de VSS+ (títulos verdes, sociais, de sustentabilidade e SLBs). Desse total, US$ 49,3 bilhões (73%) seguem critérios internacionais reconhecidos pelo Climate Bonds Initiative.

Apesar de uma queda pontual de 65% nas emissões brasileiras no primeiro semestre de 2025 (de US$ 9,5 bi para US$ 3,3 bi), reflexo de instabilidade geopolítica e custos elevados de capital, o movimento por financiamento sustentável segue firme em outras frentes, como blended finance e fundos verdes.

Fundamentos de longo prazo que sustentam a tendência

O crescimento dos ativos sustentáveis não se baseia apenas em apelos éticos. Estudos mostram que essas carteiras oferecem retornos robustos no longo prazo, pois incorporam precauções contra riscos climáticos, reputacionais e regulatórios.

Além disso, cresce a convicção de que empresas com governança transparente e práticas responsáveis conseguem melhor acessibilidade ao capital, sobretudo em mercados mais exigentes. Esse movimento cria um ciclo virtuoso de crédito favorável a projetos que aliam rentabilidade e impacto.

Pressão regulatória e padronização

Em 2025, a Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) avança em direção à publicação de normas que trarão clareza regulatória e alinhamento internacional. Simultaneamente, aumentam as exigências de reporting padronizado, especialmente de investidores estrangeiros.

Esses mecanismos visam coibir práticas de greenwashing e elevar a confiança dos stakeholders na qualidade dos ativos, abrindo caminho para maior liquidez e atração de recursos internacionais.

Tendências e inovações para 2025 e além

  • Integração de inteligência artificial e blockchain para sistemas de rastreabilidade e mensuração de impacto.
  • Adoção de soluções circulares no agronegócio e embalagens, reduzindo desperdícios e custos ambientais.
  • Diversificação de mecanismos de financiamento, incluindo tokenização de ativos e blended finance.
  • Valorização contínua de ativos alinhados a metas de descarbonização e bioeconomia.

Mesmo diante de desafios políticos em alguns mercados, como nos Estados Unidos, a América Latina e a Europa mantêm avanços sólidos em práticas ESG, impulsionando a confiança dos investidores.

Desafios a serem superados

  • Falta de padronização global de critérios ESG, que ainda gera confusão e dificulta comparações.
  • Dificuldade na mensuração de impactos reais, devido à carência de métricas objetivas e auditorias robustas.
  • Custo elevado de capital em mercados emergentes, com juros acima de 15% no Brasil.
  • Instabilidade política e econômica global, capaz de afetar fluxos de recursos.

Casos práticos e exemplos inspiradores

Vários projetos mostram o potencial sólido dos ativos sustentáveis no país:

  • A Caixa Econômica Federal, com sua emissão inaugural de títulos sociais, ampliou o acesso a serviços essenciais em áreas carentes.
  • No agronegócio, a combinação de agricultura 5.0 e práticas regenerativas atraiu mais de US$ 10,4 bilhões até 2027, demonstrando fluxo recorde de capital internacional.
  • Projetos de tokenização de ativos via blockchain viabilizam liquidez e transparência, aproximando investidores globais do mercado brasileiro.

Oportunidades para investidores e empresas

O Brasil tem a chance de liderar segmentos como soluções baseadas na natureza, carbono e bioeconomia. Para isso, é fundamental fortalecer parcerias público-privadas, investir em tecnologia e padronizar métricas de impacto.

Empresas devem adotar práticas de governança alinhadas às melhores referências internacionais e buscar diversificação de mecanismos de financiamento para reduzir custos e atrair novos investidores.

Investidores, por sua vez, podem explorar oportunidades em setores subavaliados e contribuir para a consolidação de uma economia de baixo carbono e empregos de qualidade, gerando ganhos sociais e ambientais.

Conclusão: um futuro sustentável e lucrativo

Os ativos sustentáveis provaram que não são apenas uma moda passageira. Eles representam um alicerce robusto para a construção de portfólios resilientes, capazes de enfrentar desafios climáticos, regulatórios e de mercado.

Com dados concretos, exemplos práticos e inovações tecnológicas, o caminho para 2025 e além se mostra repleto de possibilidades. Ao combinar rentabilidade e impacto, os ativos sustentáveis se afirmam como protagonistas de uma nova era financeira. A oportunidade está posta: quem liderar essa transição colherá frutos duradouros, contribuindo para um planeta mais saudável e uma economia mais justa.

Lincoln Marques

Sobre o Autor: Lincoln Marques

Lincoln Marques