Empreender pensando no lucro e no bem-estar coletivo deixou de ser utopia para se tornar uma realidade concreta.
Negócios de impacto nascem com a missão clara de solucionar desafios sociais ou ambientais por meio de sua atividade principal. Diferentemente de instituições filantrópicas, essas empresas mantêm um modelo de negócio sustentável para gerar valor econômico e social simultaneamente.
O impacto social ou ambiental não é apenas um efeito secundário: é o cerne de cada decisão, produto ou serviço.
Para que um empreendimento seja reconhecido como negócio de impacto, três pilares fundamentais precisam estar presentes desde a sua concepção:
Existe uma diferença clara entre empreendimentos cuja razão de existir é o impacto e aqueles que incorporam práticas responsáveis de forma acessória. Se o propósito socioambiental for removido de um negócio de impacto, o modelo deixa de existir. Já empresas com impacto podem continuar operando mesmo sem tais iniciativas.
O cenário nacional apresenta cases inspiradores que ilustram o potencial desse segmento:
Nuu Alimentos utiliza ingredientes de pequenos produtores e agricultura regenerativa, reduzindo drasticamente sua pegada de carbono. Mais de 80% dos fornecedores estão localizados num raio de 40 km da fábrica.
Natura adota práticas sustentáveis e sociais, mas o impacto não define completamente seu modelo de negócio, classificando-a como um empreendimento com impacto.
Desde 2014, com a criação da Força Tarefa de Finanças Sociais (FTFS), o ecossistema de negócios de impacto cresceu rapidamente. A Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (ENIMPACTO) surgiu em 2017 e foi relançada em 2023 como Estratégia Nacional de Economia de Impacto.
Conhecido como setor 2.5, esse segmento combina a lógica do lucro do setor privado com o propósito do terceiro setor, atraindo investidores e empreendedores em busca de soluções inovadoras.
Em 2023, o Brasil contava com mais de mil empresas de impacto social, movimentando aproximadamente R$ 18 bilhões em investimentos. Essas organizações atuam em saúde, educação, meio ambiente, energia e segurança alimentar.
Para consolidar um projeto de impacto, três elementos não podem faltar:
O caminho para construir uma empresa transformadora envolve etapas estratégicas e colaborativas:
Negócios de impacto causam efeitos duradouros ao unir viabilidade econômica e cuidado social. Ao focarem em comunidades de menor renda, especialmente o público das classes C, D e E, oferecem produtos e serviços que transformam vidas sem sacrificar a rentabilidade.
Além disso, estimulam um ecossistema colaborativo entre investidores, governos e organizações da sociedade civil, fortalecendo redes de apoio e acelerando mudanças.
Com o amadurecimento do setor e a consolidação de políticas públicas dedicadas, os negócios de impacto ganham robustez e escala. A tendência é que mais empreendedores abracem essa abordagem híbrida e que o mercado financeiro ofereça instrumentos cada vez mais adequados.
Ao unir propósito e lucro, esses empreendimentos não apenas prosperam financeiramente, mas também se tornam agentes de transformação em larga escala. O Brasil, com seu potencial inovador e desafios sociais, tem tudo para ser protagonista nessa revolução.
Referências