Em um mundo cada vez mais exigente, empresas e investidores buscam equilibrar rentabilidade e responsabilidade. Este artigo explora como essa união é capaz de gerar não apenas lucro, mas também um legado positivo para a sociedade, consolidando uma valorização de longo prazo para todos os envolvidos.
Para iniciar essa jornada, é essencial compreender os conceitos que fundamentam a união entre lucro e propósito social. Impacto Social é definido como as mudanças positivas mensuráveis nas comunidades, enquanto Retorno Financeiro representa o ganho monetário ou a valorização do capital investido.
A noção de Dupla Materialidade reforça que aspectos financeiros e não-financeiros (sociais e ambientais) devem ser tratados com importância equivalente. Já o SROI, ou metodologia internacional de SROI, é reconhecido globalmente para monetizar benefícios sociais e ambientais, permitindo comparações objetivas com o valor investido.
As motivações para unir propósito e lucro vão muito além de uma tendência passageira. Consumidores e investidores estão mais conscientes e demandam que as organizações assumam um compromisso real com causas sociais e ambientais.
A adoção de estratégias que conciliem impacto social e econômico gera benefícios concretos, tanto para organizações quanto para quem aplica capital em projetos de impacto.
Medir e avaliar resultados é fundamental para assegurar que o propósito se converta em ações concretas. O SROI é o mecanismo mais difundido, pois atribui valor monetário a benefícios sociais e ambientais, permitindo calcular sua eficiência.
Imagine um projeto de inclusão financeira que obtém SROI de 4,2. Isso significa que cada R$ 1 investido gerou R$ 4,20 em benefícios tangíveis. Essa métrica facilita a comparação entre diferentes iniciativas e ajuda investidores a tomar decisões informadas.
Outros indicadores relevantes incluem número de pessoas atendidas, taxa de geração de empregos inclusivos e índices de redução de desigualdades. A transparência na mensuração de impactos sociais é vital para evitar práticas de greenwashing e reforçar a credibilidade.
Vejamos como grandes organizações já comprovaram que lucrar e gerar impacto social podem andar juntos:
Gundersen Health System (EUA): ao reduzir a poluição hospitalar e garantir 100% de energia renovável, economizou US$ 3 milhões por ano. Esses recursos foram redirecionados para novos programas de saúde comunitária e sustentabilidade.
Oportun Financial Corp. (EUA): com US$ 18,2 bilhões emprestados até 2023 a clientes de baixa renda, gerou uma economia de US$ 2,4 bilhões em juros. Mesmo em cenários adversos, cresceu de US$ 584 milhões de receita em 2020 para US$ 1 bilhão em 2023.
No Brasil, gestoras como Vox Capital, Mov Investimentos e Positive Ventures lideram fundos de impacto. A Wright Capital, por exemplo, gerencia R$ 4 bilhões, com valorização de cerca de 50% desde o lançamento, superando o CDI em 10 pontos percentuais.
Nem sempre é simples monetizar e escalar mudanças sociais. Muitas iniciativas podem apresentar um ciclo de retorno mais longo, o que exige paciência e visão de longo prazo por parte de investidores.
Além disso, projetos em estágio inicial ou em setores pouco maduros podem enfrentar maiores riscos operacionais. A precisão nos indicadores e a redução de desigualdades regionais significativas demandam metodologias robustas e relatórios transparentes para evitar impacto superficial.
A crescente valorização das práticas ESG reforça a demanda por soluções alinhadas à dupla materialidade. Consumidores jovens, especialmente, priorizam marcas que demonstrem compromisso genuíno com o bem-estar coletivo.
No Brasil, a combinação entre investimentos de impacto e a redução das enormes disparidades sociais (o 1% mais rico ganha 33,7 vezes mais que metade da população) representa uma oportunidade histórica de inclusão financeira, educação e saúde.
Modelos de negócio como Empresas B, estruturas híbridas e negócios de impacto surgem como caminhos sólidos para integrar sustentabilidade e lucratividade. A adoção dessas estruturas tende a se intensificar nos próximos anos, impulsionada pela regulação e pela conscientização global.
Unir iniciativas de impacto social e retorno financeiro não é apenas uma estratégia de marketing, mas uma abordagem essencial para construir um futuro mais equitativo e próspero. Ao medir resultados com rigor e abraçar a dupla materialidade, empresas e investidores criam valor duradouro para si mesmos e para a sociedade.
O desafio está lançado: quem se compromete com essa jornada sai na frente, garantindo não só rentabilidade, mas também um legado transformador para as próximas gerações.
Referências