O Brasil assume hoje posição de destaque no cenário global de energia limpa, combinando riquezas naturais e avanços tecnológicos. Com uma matriz energética altamente renovável, surge uma oportunidade inédita para o mercado segurador apoiar e proteger esse ciclo virtuoso.
Este artigo explora o panorama de renováveis no país, as principais tendências de crescimento, os riscos inerentes e, sobretudo, o papel fundamental das seguradoras para viabilizar investimentos e garantir a expansão segura desse setor estratégico.
Em 2024, o Brasil manteve uma das matrizes mais limpas do mundo: 88% da energia elétrica gerada provinham de fontes renováveis. A capacidade instalada atingiu cerca de 175 GW em 2022 e segue crescendo de forma consistente.
O país ocupa o quarto lugar no mercado solar global, com 56 GW em operação e participação de 22,5% da matriz. A energia eólica também avança, respondendo por 12% da geração, enquanto a hidrelétrica permanece em torno de 60%, sujeita a variações climáticas.
O setor de renováveis liderou fusões e aquisições em 2025, respondendo por R$ 120 bilhões em transações, ou 40% do total nacional de M&A. Apenas no primeiro trimestre, foram adicionados 1,74 GW à capacidade instalada.
A geração distribuída acelera a democratizando o acesso à energia, com mais de 147 mil novos sistemas fotovoltaicos instalados entre janeiro e março de 2025. No mercado livre, cresce a demanda por contratos de energia renovável (PPAs), reforçando a competitividade industrial.
A expansão acelerada traz à tona múltiplos riscos que impactam diretamente a precificação e o escopo dos produtos seguradores. Destacam-se:
Com o aumento do volume de ativos e investimentos, cresce a necessidade de soluções de seguro sofisticadas. Seguradoras podem oferecer produtos que cubram construção, operação, responsabilidade civil, interrupção de negócios, riscos climáticos e performance.
O mercado de seguros acompanha o setor de energias renováveis, proporcionando confiança a investidores e facilitando o acesso a financiamentos. Em 2025, com R$ 120 bi em transações de M&A, a oportunidade para seguradoras é proporcional ao ritmo de crescimento dos ativos.
O segmento de geração distribuída oferece espaço para produtos customizados voltados a residências, condomínios, fazendas e pequenas empresas. Seguradoras podem desenvolver pacotes integrados de energia e seguro, facilitando a adesão de pequenos consumidores.
A crescente complexidade regulatória e ambiental abre caminho para consultorias de riscos e serviços de avaliação. Além disso, o desenvolvimento de seguros paramétricos, especialmente para eventos climáticos, atende a uma demanda crescente por agilidade e clareza contratual.
Parcerias entre seguradoras, bancos e desenvolvedores de projetos podem viabilizar financiamentos com seguro atrelado, reduzindo o custo de capital e ampliando o acesso a projetos de maior escala, como parques eólicos offshore e usinas híbridas com armazenamento.
O Brasil deve responder por metade da nova capacidade renovável da América Latina até 2030. No entanto, a primeira desaceleração após cinco anos de expansão aponta para gargalos de transmissão e redução de incentivos. É indispensável que o mercado segurador acompanhe essa fase de consolidação com inovação e expansão acelerada requeridas.
A crescente complexidade dos riscos exige seguros mais flexíveis e parametrizados, integrando soluções digitais de monitoramento e análise de dados em tempo real. Essa abordagem fortalece a resiliência dos projetos, reduzindo perdas e garantindo continuidade operacional.
Em um ambiente de metas climáticas ambiciosas, o setor segurador assume papel central para sustentar o crescimento ordenado, mitigar riscos e conferir segurança a investidores. A sinergia entre renováveis e seguros não é apenas necessária: é estratégica para consolidar o Brasil como líder global em energia limpa.
Referências