Em um mundo onde a escassez de recursos naturais se torna cada vez mais crítica, a água emerge como um recurso natural finito e vital. Este artigo explora a dupla face da água: sua importância ecológica e seu potencial de valorização financeira, especialmente no contexto brasileiro.
A água é essencial para toda cadeia produtiva: da agricultura à geração de energia, passando pela indústria. Embora o planeta seja majoritariamente coberto por água, apenas 1% da água do mundo está disponível para consumo humano. Mais alarmante, 2,2 bilhões de pessoas ainda carecem de água potável.
No Brasil, apesar de possuir grande volume de recursos hídricos, 34 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e mais de 90 milhões carecem de coleta e tratamento de esgoto. Esse cenário reforça a necessidade de investimentos robustos.
O Novo Marco Legal do Saneamento estabeleceu metas ambiciosas: universalizar o acesso à água de qualidade para 99% da população até 2033. Para atingir esse objetivo, é necessário aumentar o investimento médio de R$ 126 para R$ 223,82 por habitante/ano.
O Plano Nacional de Saneamento estima um aporte de R$ 511 bilhões até 2033, dos quais R$ 454 bilhões ainda precisam ser captados entre 2024 e 2033. Em 2025, estão previstos R$ 2 bilhões para abastecimento urbano de água.
O setor privado também avança: as operações privadas de saneamento cresceram 466% e, até 2025, poderão atingir metade dos municípios brasileiros. Leilões em 2025 devem movimentar R$ 69 bilhões em investimentos em 13 estados.
Tratar água como commodity não é mais novidade. Desde 2020, contratos futuros de água são negociados na Nasdaq, gerando exposição direta à escassez hídrica global. Além disso, fundos de investimento e ETFs têm atraído atenção crescente.
Em nível doméstico, fundos como o Invest Trends Água reúnem empresas de tratamento e distribuição, oferecendo diversificação e alinhamento com a agenda ESG.
Para investidores interessados em integrar a água ao portfólio, as opções principais incluem:
Investir em água está intrinsecamente ligado à agenda ESG. A preservação dos recursos naturais impacta positivamente indicadores sociais e de governança, aumentando a transparência nos contratos e a eficiência nos processos de gestão.
É fundamental aprimorar o monitoramento das agências reguladoras, garantindo que metas sejam cumpridas. Projetos de reabastecimento hídrico demonstram que a resiliência hídrica é um ativo valorizado por grandes corporações, reduzindo riscos operacionais e reputacionais.
A universalização do saneamento básico traz benefícios concretos: redução de custos com saúde pública, valorização imobiliária e aumento da produtividade. Municípios que investem menos de R$ 80 por habitante/ano enfrentam problemas críticos de acesso.
O crescimento do setor estimula geração de empregos, inovação tecnológica, e fortalece cadeias produtivas relacionadas ao uso sustentável da água.
Com a intensificação da escassez hídrica, a água tornará-se um ativo cada vez mais estratégico. A adoção de sensores inteligentes e inteligência artificial na gestão de recursos hídricos abre caminho para eficiência operacional e redução de desperdícios.
Investir em água vai além da busca por retornos financeiros: é um compromisso com a preservação de um recurso essencial à vida. No Brasil, as oportunidades são imensas, tanto em projetos de saneamento quanto em mercados financeiros.
Ao aliar visão de longo prazo com estratégias sustentáveis, investidores e gestores podem contribuir para a universalização do acesso à água potável, impulsionando desenvolvimento social e gerando valor econômico duradouro.
Referências